quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Poema de Cecília Meireles

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.


Trabalho apresentado no I SEDIar


APRENDENDO ARGUMENTAÇÃO COM O  JOGO QUESTÕES POLÊMICAS BRASIL

Manoela de Jesus Santos
Sidineia Moreira Santos
Taniela Santos Macedo
Orientadora: Dsc Adriana Maria de Abreu Barbosa


RESUMO:

O presente artigo tem como objetivo principal apontar a relevância que o jogo didático Questões Polêmicas Brasil (QPBrasil): o jogo da argumentação, que foi idealizado para que os jovens exercitem ludicamente a capacidade argumentativa que deve ser ensinada e aprimorada no ambiente escolar. É de extrema importância levar o aluno a conhecer e compreender os mecanismos expressivos da língua, uma vez que esses contribuirão para o aperfeiçoamento argumentativo e comunicativo dos educandos. Além disso, o planejamento do texto e a seleção dos argumentos de acordo com a intenção comunicativa contribuem para uma maior eficiência no uso das palavras e melhoram o poder de persuasão.   Utilizamos o jogo citado nas oficinas que ministramos durante o ano de 2011 nas intervenções realizadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto de Letras, no Centro Estadual de Educação Profissionalizante Régis Pacheco (CEEPRP). O jogo foi de valia, pois com o mesmo podemos reconhecer a importância dos recursos didáticos para a aula de língua portuguesa conforme assinala os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997). Abordaremos aqui o uso do QPBrasil em sala e em quais aspectos ele pode desenvolver e propiciar uma aprendizagem prazerosa, lúdica e significativa ao aluno. Embasadas em Garcia (2004), Geraldi (1997), Suárez Abreu (2001) entre outros, nossa proposta é refletir a função discursiva da língua e organização dos argumentos na produção textual e como o referido jogo pode contribuir para o ensino de língua.

Palavras-chaves: Língua.Ensino.Produção textual.Argumentação.Jogo didático.










Ensino de Língua


Travaglia. Luiz Carlos. Ensino de língua materna- gramática e texto: alguma diferença? In: Gramática ensino plural, 2ªedição, São Paulo: Cortes, 2004.
                                                                                                                                  
Sidineia Moreira
Taniela Macedo
Bolsistas do PIBID- Letras - JQ

Luiz Carlos Travaglia, autor do livro “gramática ensino plural”, publicado pela editora Cortes em 2004, no capitulo três, intitulado “ensino de língua materna – gramática e texto: alguma diferença?” aponta que a gramática de uma língua é o conjunto de condições linguísticas para a significação. Assim, o autor busca afirmar que não existe dicotomia no que se refere aos aspectos gramaticais e textuais no processo fala/escrita e que a dicotomia gramática/ texto não deve existir no ensino de língua materna , afirmando que o que é textual é gramatical e vice versa.Nas palavras de Travaglia, uma seqüência linguística só se transforma em texto quando produz efeito de sentido tanto para o seu emissor como para o seu receptor. Logo, os aspectos gramaticais de uma língua equivalem aos recursos que a língua dispõe para que o falante possa produzir textos, orais e escritos, agregando a eles efeitos de sentido que serão percebidos pelo emissor e pelo receptor. Isto é, a gramática a serviço do texto cria uma situação concreta de interação comunicativa eliminando assim, os ruídos que tanto incomodam a situação comunicativa e a clareza do discurso.Para validar a sua tese, o autor enumera exemplos com a classe dos artigos para evidenciar que não deve existir separação entre gramática e texto no ensino de língua materna e argumenta com precisão que no final de um estudo sobre artigos, ou qualquer outra classe de palavra, o aluno estará apto a usá-los na construção e compreensão de textos. Essa metodologia no ensino de língua materna de o levará o discente a pensar na diferença de sentido que a presença e a colocação do artigo causarão no enunciado e na compreensão do texto. Fazendo assim o discente adequar-se-á ao contexto, instrumentalizando-se para que frente às possibilidades possa classificar e escolher, de forma racional, o que lhe for mais adequado num dado contexto para provocar um determinado efeito de sentido.Em síntese, o texto de Travaglia soa-nos como uma proposta desafiadora, dado que para o estabelecimento de uma nova ordem educacional, é necessária a existência de uma velha ordem educacional geradora de caos, que aproveitemos, então, os alarmantes indícios de caos na educação brasileira, sem dispensar, é claro, as boas propostas advindas dela que deram bons resultados. E a partir dessas perspectivas começar a inserir gradativamente as novas idéias de ensino, que tragam não só perspectivas de melhorias, mas resultados significativos e palpáveis. Isso não significa transformar alunos em cobaias, mas sim abrir horizontes exploráveis, no qual a práxis pedagógica esteja voltada para uma real reflexão sobre a língua em suas múltiplas utilidades, ressignificando o ensino de língua materna no Brasil, tornando o aluno sujeito de sua história.Utopia? Talvez, já que não vivemos sem ela. Mas diante do caos no ensino de língua no Brasil a proposta/desafio de Travaglia parece-nos - professores do ensino fundamental, médio, professores universitários, alunos de licenciatura e bacharelado em letras ou pedagogia, linguistas, gramáticos e puristas- o caminho mais racional para iniciar uma revolução no ensino de língua no Brasil e derrubar o mito de que gramática e texto estão dissociados.